Ó musa linda que te votaram ao exílio
Em túmulo frio, vestida com mortalhas,
Ouço cantos de elegia, júbilo de gralhas
E as vozes bêbedas de poetas em concílio.
O dia nasce. Já vem a luz em teu auxílio.
A tua mão nesta mão que lutou em mil batalhas
Tem a maciez do linho, das tardes grisalhas,
E evoca, em rimas lustrosas, doce idílio.
E o poeta triste que te abandonou ao relento
É gelo, não tem amor, nem tem sentimento,
Como um túmulo cheio de trevas e vazio.
Vem comigo. Vamos bailar pelas estradas.
Vem contar junquilhos, despertar madrugadas,
Subir ao arco-íris, num completo desvario.
Luís R. Santos