terça-feira, 16 de outubro de 2012

Dissonância



Quase não sei sorrir nem sei chorar.
No rosto inexpressivo não reagem
As mudanças de humor e de pensar.
Olhos e coração não interagem.

Tranquilizo, se os ventos são de amor.
Se há vendaval, não sei, não 'stou, não vi.
E afago o silêncio em meu redor
Moendo a dor da dor que não senti.

Concerto de harmonias despregadas
Da pauta em desacordo e dissonância.
Ecos de trovoadas à distância.

Reprimo impulsos de dores silenciadas:
É a emoção que vem ao rosto e cora
Porque a alma sofre mas não chora.

        in Flores de Outono
        de António Levi De Meireles